Podcast entrevista o professor Adaildo Santana, responsável pelo atendimento ao público da comunidade
Já está no ar, na aba de podcasts da Web Rádio Jus (webradiojus.com.br), o mais recente episódio do Fala Marajó, o podcast do programa Ação para Meninas e Mulheres do Marajó, de combate à exploração sexual e à violência doméstica no arquipélago.
Neste episódio, o podcast conversa com o professor de História Adaildo Santana, atendente do Ponto de Inclusão Digital (PID) da Vila Acangatá, a quatro horas de barco de Portel. Instalado em 12 de dezembro de 2024, o PID desempenha papel fundamental na prestação dos serviços das instituições do sistema de Justiça à população que vive em uma área distante do fórum.
Adaildo Santana é de uma família cujas origens estão no Rio Pacajá, a doze horas de Portel. “Nossos estudos eram conduzidos por uma professora que morava a aproximadamente uma hora de distância, percorrida de canoa. Ela ministrava as aulas em casa. A educação se limitava à terceira série, e, ao concluir esse ciclo, meu pai decidiu nos mudar para a cidade. Fomos morar com minha avó”, lembra ele, que se formou em História, casou-se com uma moça do Rio Camarapi, natural da Vila de Acangatá, e iniciou a carreira no magistério em 2001, por meio de contrato, e posteriormente aprovado em concurso público.
“No final de 2024, recebi o convite para trabalhar na sala do PID. A sala foi inaugurada em dezembro. Fiquei surpreso e aceitei imediatamente o desafio. Encantei-me com o desafio, uma nova realidade e área de atuação”, lembra.
Inclusão - Ele diz que o PID da Vila Acangatá faz toda a diferença na vida da comunidade, que se vê finalmente incluída em políticas públicas essenciais para o bem-estar dos moradores.
“A comunidade demonstrou grande satisfação com a presença do PID. O espaço é procurado constantemente para obter informações e acessar serviços, gerando um sentimento de acolhimento e realização. O PID se tornou um local de referência, onde as necessidades da comunidade são ouvidas e atendidas”, garante.
“Acredito que o PID tem um futuro promissor, com espaço para crescimento e melhorias. É fundamental que outros órgãos busquem parcerias com os PIDs, aproximando-se dos cidadãos, sejam eles ribeirinhos, quilombolas ou indígenas”, argumenta.
A maior demanda na Vila Acangatá é a expedição de documentos, mas este ano já houve dois atendimentos relacionados à violência doméstica. “Realizamos o acolhimento das vítimas, estabelecemos contato com a Defensoria Pública de Portel e com o Dr. Thiago (juiz de Portel), e encaminhamos os casos à delegacia, garantindo a proteção das vítimas. O agressor foi intimado e ouvido na sala do PID, assegurando-se também a ele o direito à defesa”, relata.
Proteção - Ele lembra que o PID deu encaminhamento também a uma ocorrência mais complexa, que envolveu briga e ferimentos durante um evento comunitário.
“Todo o processo foi conduzido por meio da sala do PID, dispensando a necessidade de as vítimas comparecerem à sede do município, facilitando o acesso ao atendimento”.
No caso de violência doméstica, Adaildo ressalta: “Sem a sala do PID, essas mulheres não teriam recebido o atendimento, a liberdade e a proteção que desfrutam atualmente. O PID representa um marco em Portel, especialmente nas comunidades mais distantes, e é um benefício valioso para toda a comunidade", garante.
O Fala Marajó também reproduz o relato de uma das vítimas de violência doméstica atendidas pelo PID da Vila Acangatá. Portel dispõe de mais dois PIDs: na comunidade do Rio Acutipereira e na Unidade Fluvial Madonna (itinerante).
O Fala Marajó é uma produção da Web Rádio Jus do Tribunal de Justiça do Pará (webradijous.com.br). O programa está disponível também em todas as plataformas de streaming que rodam podcast – Spotify, Deezer, Apple Music e Google Podcasts.