Promotoria não sustentou acusação diante da contradições das versões
O policial militar Luiz Claudio Felipe Cabral de Souza, 27 anos, foi absolvido da acusação do crime de homicídio qualificado praticado contra Kennedy Soares Valente, 20. A sentença foi anunciada na última quinta-feira, 2, durante sessão do 1º Tribunal do Júri de Belém, no Fórum Criminal da capital.
A decisão acompanhou o entendimento do promotor de justiça Gerson Daniel da Silveira, que, “diante das diversas contradições nas narrativas prestadas aqui pelas testemunhas e pelo réu”, disse não se sentir à vontade para sustentar a acusação.
O promotor apontou contradições nas declarações das irmãs da vítima e nos depoimentos das testemunhas da acusação e do réu. Feita pelo advogado Nelson Fernando Damasceno Leão e advogada Cristiane de Lima Saraiva, a defesa requereu aos jurados votarem pela absolvição.
Versões – A irmã e uma prima da vítima relataram que Kennedy foi alvejado quando estava bebendo na praça principal da Baía do Sol, distrito de Mosqueiro. A versão das familiares é que, após ser baleado por duas vezes, o rapaz foi amarrado com uma corda nos pulsos e pernas até a chegada das viaturas da Polícia Militar. Numa delas, ele foi colocado, mesmo ferido, na parte traseira do veículo. O atirador foi conduzido em outro carro, para registrar a ocorrência.
Entre os depoimentos de policiais militares que estiveram na ocorrência, esteve o do sargento que estava no comando do batalhão à época, Carlos André Souza Araújo. Segundo ele, Luiz Claudio telefonou para comunicar que se envolvera numa briga e que baleara o desafeto, usando a arma da corporação.
Em interrogatório, o réu contou que, à época, era soldado e que tinha saído do quartel e estava à paisana. Portando a pistola da corporação, ele foi lanchar com o irmão quando avistou Kennedy Soares na praça. Luiz Claudio alegou que já conhecia a vítima, que tinha mandado de prisão em aberto acusado de latrocínio.
Confronto – A versão do réu é de ter telefonado para seu sargento, avisando que Kennedy estava na praça. O superior orientou o soldado a ficar somente observando, até a chegada da viatura, porém Luiz Claudio alegou que, em seguida, Kennedy resolveu se aproximar dele para tentar lhe arrancar a arma, ocasião em que travaram luta corporal e o policial efetuou os disparos.
Após o conflito e com a chegada dos policiais, uma viatura levou a vítima baleada na parte traseira do veículo. Segundo os PMs, Kennedy foi levado para uma Unidade de Pronto-Atendimento (UPA), mas morreu o caminho do hospital, onde os familiares o aguardavam. O policial foi em outra viatura para apresentar suas declarações às autoridades.