Decisão foi anunciada após constatação da insuficiência de provas
Belém abriu a jornada do Mês Nacional do Júri submetendo perante o Conselho de Sentença Édipo Muller da Silva, 37 anos, padeiro e motorista de aplicativo, que respondeu pela acusação de participação no assassinato do subtenente da Polícia Militar reformado Valmir Soares da Silva. Por maioria dos votos, jurados absolveram o acusado. A sessão ocorreu nesta quarta-feira, 1, no Fórum Criminal da capital, presidida pelo juiz Murilo Lemos Simões, do 1º Tribunal do Júri.
O policial militar foi atingido por disparos de arma de fogo por volta das 21h do dia 13 de maio de 2022, na travessa Haroldo Veloso próximo à Rua Presidente Castelo Branco, no bairro Tapanã, Distrito de Icoaraci. Socorrido e levado para um hospital, onde ficou internado por um mês em estado grave, ele não resistiu às lesões.
A polícia denunciou também Alex Ravel Silva da Silva, suspeito de integrar cargo de liderança em facção criminosa e de ter dado a ordem do assassinato de policiais militares. O processo foi desmembrado e suspenso o prazo prescricional em razão do réu estar foragido da justiça.
Durante o júri, foram ouvidas quatro testemunhas, três delas da acusação. Os dois primeiros depoentes foram os policiais militares motociclistas do grupo Águia, que prenderam o réu e o apontaram como ocupando do veículo usado na fuga dos executores.
A companheira do acusado foi a terceira a depor. Ela contou que no dia do crime o marido relatou ter sido assaltado na área da Pratinha. Ela disse ainda que, após Édipo buscá-la na casa de sua mãe com o filho menor de 4 anos, eles foram parados numa blitz, revistados e liberados. Um dos policiais, no entanto, afirmou que o carro da família era o veículo que deu fuga aos executores do PM.
Silêncio – Ao ser perguntado pelo juiz se responderia as perguntas da promotoria e da defesa, o acusado disse estar sendo acusado e mantido preso por participar de um homicídio que não cometeu. Sobre seu direito ao silencio, o réu disse não querer mais responder por já ter dito tudo o que tinha a dizer.
“Não tenho culpa de morar em uma área vermelha. Sempre trabalhei duro para sustentar meus quatro filhos. Já fui assaltado várias vezes, mas não conheço esse homem e nunca ouvi falar desse nome, esse tal Alex Ravel”, afirmou o acusado.
A denúncia contra Édipo Muller se baseou em um deposito no valor de R$ 500, recebido por Alex Ravel. O Pix que constava no celular do acusado seria o pagamento da fuga aos executores, que não foram localizados pelas autoridades.
Ao se manifestar na tribuna do júri, a promotoria alegou que dois dos três policiais militares ouvidos no júri não lembravam mais os detalhes da ocorrência, realizada no dia da morte do subtenente reformado. Os PMs também não relataram como apreenderam os celulares da família do suspeito. Diante da insuficiência das declarações, a acusação foi retirada por não reconhecer como prova o depósito encontrado no celular do réu.
O advogado do acusado, Mauricio Pinto Júnior, ratificou o entendimento da promotoria de inexistência de provas, afirmando que Édipo Muller da Silva é morador da região da Pratinha e ter um automóvel Sandero cor branco que seria da mesma marca usada na fuga após o assassinato do policial.