Julgamento dos acusados de matar profissional será feito quarta e quinta-feiras
Está marcado para os próximos dias 20 e 21 de novembro o júri popular dos executores e mandantes do assassinato do advogado Fábio Teles, morto por atuar em causas trabalhistas, em Cametá, região do Baixo Tocantins paraense. O crime ocorreu na noite de 21 de julho de 2011, naquela cidade. O procurador nacional adjunto de Defesa das Prerrogativas, Raul Fonseca Filho, e o presidente da Comissão Nacional de Defesa das Prerrogativas e Valorização da Advocacia do OAB Nacional, Leonardo Accioly, estarão presentes à sessão, que ouvirá os acusados de envolvimento no crime.
A ouvidora geral da OAB, seção Pará, Ivanilda Pontes, e Clodomir Júnior, membro da Comissão de Defesa de Direitos e Prerrogativas da Ordem no Estado, atuarão como assistentes da promotoria no júri popular, que será realizado no Fórum de Cametá, na quarta e quinta-feira. Segundo o procurador Nacional de Defesa das Prerrogativas, José Luis Wagner, o caso merece atenção da advocacia nacional. "O colega foi assassinado em função exatamente da forma independente e eficaz com que exercia sua atividade profissional, o que é absolutamente inadmissível numa sociedade moderna e civilizada como deveria ser a nossa", disse.
O suposto mandante foi o empresário mineiro, José Maria Mendes Machado, conhecido como "Zé Maria". O motivo seria por causa de ações trabalhistas vencidas e ajuizadas contra o empresário, que estavam sendo ganhas pelo advogado. Fábio Teles foi assassinado por pistoleiros com nove disparos de arma de foto - três na cabeça, três nas costas e três nas pernas e braços. Ele foi executado na porta de sua casa, e na frente de seu filho, então com dez anos. Ele era casado e sua esposa estava no segundo mês de gestação.
Em maio de 2012, José Maria Mendes Machado, mandante do assassinato do advogado, chegou à capital paraense. O vôo que o transporta partiu da Paraíba e chegou por volta de meio dia ao Aeroporto Internacional de Belém. José Maria foi preso na cidade de João Pessoa, na Paraíba. Ele é a sexta pessoa envolvida no crime a ser capturado pela polícia. Os outros cinco homens envolvidos foram presos em julho e agosto de 2011. Com esta prisão, a Polícia Civil encerra as investigações sobre o caso.
Três dias após o crime, no dia 24 de julho de 2011, a Polícia Civil prendeu quatro dos seis envolvidos no assassinato do advogado. Rosiverson de Souza Almeida, o "Passat", Gleisson Araújo, o "Cauboi", Luzimar Pereira Miranda e José Orlando Trindade de Oliveira foram presos entre os municípios de Cametá e Tucuruí. O quinto participante, Victor Eduardo Oliveira Moreira, o "Vitinho", foi detido no dia 10 de agosto de 2011, no município de Tucuruí, sudeste paraense. "As investigações apontaram que Rosiverson de Souza Almeida foi o agenciador. Ele entrou em contato e contratou os pistoleiros. Gleisson Araujo e Victor Eduardo são dois dos executores. Luzimar Pereira Miranda tinha a missão de guardar as armas usadas no crime para depois entregá-las aos assassinos, levados por José Orlando Trindade de Oliveira, no dia anterior ao crime, até a casa do advogado. José Trindade também emprestou a moto na noite seguinte para que o crime fosse efetivado", disse, naquela ocasião, o diretor de Polícia do Interior, da Polícia Civil, delegado Silvio Maués.
No domingo passado, dia 10, este jornal publicou entrevista com o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, seção Pará, Jarbas Vasconcelos, em que ele fala sobre os ataques a advogados, no Estado. "O crime atinge não somente o cidadão marginalizado. Atinge a classe média, vem para dentro dos fóruns, das delegacias, dos escritórios de advocacias. É o momento de se perguntar se estamos vivendo em um estado de direito ou se estamos vivemos em uma sociedade submetida à barbárie da violência incontrolável", disse.
CASOS
No dia 5 deste mês, Dácio Cunha foi morto a tiros em Parauapebas, no sudeste paraense. Antes do assassinato de Dácio, a OAB contabilizou 12 casos de violência contra advogados, a partir de 2011, no Estado. Por conta de mais esse crime, uma extensa faixa foi colocada na lateral do prédio-sede da entidade, em Belém, com a seguinte frase: "Até quando advogados serão assassinatos por pistoleiros no Pará?" Ainda conforme Jarbas, "esses casos têm em comum a tentativa do crime de colocar em xeque o sistema de segurança no Pará. Não somente os advogados têm sido vítimas da violência - das tentativa de mortes, de assaltos e de assassinatos". Ele acrescenta: "A cada ano, um quantitativo maior de juízes tem pedido garantias de vida porque se se sentem ameaçados no seu exercício profissional. A cada mês, também cresce o número de policiais civis e militares que tombam vítimas das balas dos bandidos e da pistolagem. O mesmo pode-se dizer dos defensores públicos e do Ministério Público".
Portanto, continua Jarbas Vasconcelos, "o que está em cheque, neste momento, no Pará, é o próprio sistema, os atores que fazem o sistema de segurança pública. Esse é o dado que inquieta e preocupa. São aqueles que têm o dever de cuidar para que a sociedade viva em regras civilizadas, cumprindo a ordem pública, cumprindo a lei. Aqueles que têm a missão de defender e resguardar o cidadão são eles, agora, alvo do crime. E, sendo alvo do crime, toda a cidadania, toda a sociedade, está à mercê das mãos dos criminosos".