Ex-PM é acusado de matar Eduardo Galúcio Chaves, de 16 anos
O ex-policial militar Otacílio José Queiroz Gonçalves enfrenta o júri popular na manhã desta terça-feira (21), no salão do júri de Belém, no bairro da Cidade Velha. Ele é acusado de matar o adolescente Eduardo Galúcio Chaves, de 16 anos, uma das vítimas da série de assassinatos ocorrida em vários bairros da capital, em novembro de 2014, após a morte do cabo Antônio Figueiredo.
De acordo com o Tribunal de Justiça do Estado do Pará (TJPA), a psiquiatra do Instituto Médico Legal, Elizabeth Ferreira, foi convocada para prestar depoimento, mas não compareceu. Outras seis testemunhas de acusação foram chamadas para depor e outras duas de defesa também foram arroladas, mas somente uma delas compareceu.
A sessão começou às 9h30 com o depoimento de Sérgio Pinho Chaves, pai do adolescente que foi interrogado pela acusação e em seguida pela defesa do réu. Houve momentos de tensão entre a promotoria e a defesa. Ele contou que o filho, que era estudante e trabalhava em uma feira livre da capital, havia ido deixar a namorada na casa dela, no bairro da Terra Firme, quando foi abordado por homens de capacete em duas motocicletas, que mandaram que a mulher corresse. Eduardo foi atingido por seis tiros.
Em seguida, a prima da vítima, que seria testemunha ocular do crime, falou à promotoria e respondeu as perguntas da defesa. Ela relatou detalhes do momento em que o primo foi espancado e depois atingido pelos tiros desferidos por homens em motocicletas.
O júri é presidido pela juíza Ângela Alves Tuma, da 3ª Vara Criminal de Belém, conta com a promotora Rosana Cordovil na acusação, que terá o auxílio de advogados assistentes, e com a participação dos advogados Omar Saré Nascimento e Antônio Tourão Pantoja na defesa do réu.
O ex-PM foi afastado da corporação por distúrbios mentais e é acusado de ser integrante da milícia "Irmãos de farda", que atuaria em bairros da periferia de Belém.
O cabo Antônio Figueiredo tinha 43 anos quando foi morto no bairro do Guamá, em Belém, no dia 4 de novembro de 2014. Na época do crime, ele estava afastado da corporação. Com a morte do policial, outras 10 pessoas foram assassinadas em cinco bairros de Belém durante a noite e madrugada do dia 5. A décima vítima foi Allesson Carvalho, de 37 anos. Ele foi baleado no bairro da Terra Firme durante a chacina e, apesar de ter sido hospitalizado, não resistiu e morreu no Hospital Metropolitano, em Ananindeua, no dia 6.
A polícia prendeu sete pessoas, quatro acusadas de participar da chacina, e as demais teriam envolvimento na morte do cabo da Polícia Militar, mas o inquérito corre em sigilo. A Promotoria de Justiça Militar indiciou 14 PMs por participação na chacina. A corporação abriu investigação contra nove policiais. Os processos também não foram concluídos.