Caso de jovem que teria sido morto por policiais em 2007 teve nova audiência
O caso de Rafael Viana - jovem que teria sido assassinado por polícia militares em 2007 - teve mais uma audiência ontem no Fórum Criminal de Belém, no bairro da Cidade Velha. Dessa vez foi ouvida a mãe da vítima, Rosa Viana, que depôs na audiência que trata do processo de perjúrio cometido pelo tenente da Polícia Militar (PM) Rodrigo Negrão, suspeito de comandar o homicídio do jovem, e outros três PMs. A mãe de Rafael havia sido chamada após a suspeita de que ela teria induzido o depoimento de testemunhas. Mas ela apresentou uma gravação na qual uma das testemunhas aparece relatando que foi coagido pelo policial acusado do crime.
O celular de Rosa Viana, usado para gravar a declaração, foi periciado pelo Instituto Médico Legal, mas o laudo com o reconhecimento de voz deve sair em até 30 dias. “Essa seria a última audiência, mas devido a falta do laudo, será feita uma nova audiência. O julgamento estava previsto para novembro, mas com isso acho que vai ser adiado. Nossa expectativa é que a justiça seja feita, pois aguardamos por resposta desde 2007. É uma dor que se estende. Ainda mais com essa história de que eu estaria induzindo as testemunhas, elas não tem por que ter medo de mim é mais fácil ter medo do tenente”, afirma a mãe da vítima.
Segundo o Tribunal de Justiça do Estado, o falso testemunho teria sido cometido por testemunhas de acusação durante a instrução do processo em que são réus policiais militares. Eles são acusados de homicídio qualificado praticado contra o pedreiro Rafael Viana. O depoimento de Rosa Viana foi requerido pelo promotor vinculado à Vara, Fabiano Amiraldo. Após essa fase, o processo está pronto para analise e sentença judicial.
O CASO
Rosa Viana é mãe do pedreiro morto no dia 2 de novembro de 2007, no bairro do Guamá, por três policiais militares. Uma das versões do caso diz que o jovem, em companhia de outra pessoa, teria tentado roubar uma bicicleta. No entanto, o suposto comparsa teria conseguido fugir e o pedreiro acabou detido primeiro por um policial civil, e depois entregue à viatura chefiada pelo tenente Rodrigo Negrão - acusado de comandar o assassinato.
Baseado na apuração do caso, os policiais militares abordaram e detiveram Rafael Viana. Consta na acusação, que os PMs levaram o pedreiro até uma ponte próxima ao município de Acará, a Alça Viária, localizada a 161 km de Belém. No local, o rapaz teria sido torturado e executado. O corpo da vítima foi encontrado três dias depois boiando no rio Guamá, com marcas de tortura na cabeça e as mãos amputadas.